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Decisão tomada

A decisão é sua. Temos de decidir sobre o emprego, a festa, o casamento, os filhos, o almoço e o jantar. Temos de decidir o castigo, a pena, a punição e a absolvição. Reflita se é uma decisão boa para você e para o mundo. A decisão é sua.

"Filho causa problema", explica a mãe, chorando. "Faz bobagem, e é a mãe quem sofre." Tem filho que corta gente. Tem filho que faz gente antes da hora.

A decisão é sua. Começa com a escolha do nome, que pode ter tantos sentidos. Cuidado! Não se aperreie. Isso é comum entre as pessoas. Há como sair da confusão? Qual o caminho certo? Primeiro, respire. Solte todo o ar dos pulmões, esvazie o peito e o coração. Deixe o ar entrar. Há um ritmo natural. Perceba o seu próprio ritmo.

Tendo aquietado o corpo e a mente, sentado ou de pé, sinta a vida pulsar em cada artéria, em cada veia. Nas teias da memória, procure o princípio do princípio, lá se encontra o vazio. E essa vastidão é repleta de vida, palpitação, pensamentos, silêncios, amores, desafetos, carinhos, repulsão, tristezas, aflições, ansiedades e certezas.

O maior presente é não ter medo. Se nada pertence ao ser, se somos um punhado de ossos, carnes, nervos, tendões, sangue, pleura, corações, sentidos, percepções, memórias, construções mentais, consciência e tudo o mais, somos a ligação disso tudo. Um organismo é feito de partes. Se uma parte falhar, todo o resto sofre.

Como saber o certo? Um dia, foram indagar exatamente isso a Xaquiamuni Buda. Cobrindo ambos os ombros com seu mato, ele disse: "Levar o maior número de pessoas ao verdadeiro (a verdade que está dentro de cada um de nós) é o bem".

Somos a verdade do universo, alguém pode duvidar? Buda também recomendava a prática das seis perfeições. Quem as pratica atravessa do lado da dor, da tristeza, do desconforto e dos medos para a margem da sabedoria.

A primeira é a doação. Doar não apenas as sobras, o que não se quer mais. Doar coisas materiais, como alimentos, mas também educação, capacitação e saúde. Doar os ensinamentos que nos levam à verdade, doar o não medo de saber que estamos a todo o tempo nas mãos do maior bem-querer.

A segunda é manter os preceitos. Não matar, não roubar, não mentir, não negociar tóxicos, não abusar da sexualidade, não se elevar e rebaixar os outros, não falar dos erros alheios, não ser movido pela ganância, não ser movido pela raiva, não falar mal dos seres iluminados ou de suas comunidades.

A terceira perfeição é a paciência. Paciência de fazer, ser, pensar, planejar, esperar o momento e recomeçar tantas vezes quantas sejam necessárias. Sem pressa, com precisão. Pacientemente amando, cuidando, compartilhando a vida de todos nós.

A quarta é a assiduidade, o esforço contínuo. Não deixe a peteca cair. Quem quer fazer fogo com pedras esfrega sem parar até a faísca surgir. É a constância da macia e pequena gota de água que faz a rocha se abrir.

A quinta perfeição é a meditação. Com o coração tranqüilo e a respiração adequada, perceba tudo o que somos nessa estrada.

A sexta e última perfeição é obter a sabedoria suprema. Ela permite perceber a verdade em tudo, em todos e em qualquer lugar, sem que reste uma situação de enganação ou falsidade.
Aqueles que são capazes de viver dessa maneira, encontram na vida a bondade e a justiça. Abrindo portais para infinitos outros seres. Para que todos possam se beneficiar.

Revista da hora, 5 de outubro de 2003.

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